quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Eleger Dilma é afirmar a emancipação feminina

Nesta quarta-feira (27), enquanto os movimentos sociais realizam em Goiânia a “Marcha das Mulheres com Iris e Dilma”, me ponho a refletir sobre esse segmento historicamente oprimido pela sociedade capitalista. Elas, que representam algo em torno de 52% da população brasileira, ocupam pouco mais de 6% das cadeiras do Congresso Nacional. A distorção representativa entre os gêneros é tão grande como entre as classes sociais.

Além de não estarem devidamente representadas nos espaços de poder, são obrigadas a conviver com a violência doméstica, salários mais baixos que homens que desempenham as mesmas funções, ausência de assistência do poder público às suas necessidades fundamentais e, ainda, a desqualificação de sua relevância social devido ao machismo retrógrado reforçado pelas instituições capitalistas. A discriminação contra as mulheres é mais uma idéia difundida pelas “superestruturas”, tão bem esmiuçadas por Marx. É uma questão cultural, muitas vezes inconsciente.

O movimento feminista, de forma legítima, dentre outras reivindicações cobra a paridade salarial entre homens e mulheres que desempenham tarefas semelhantes. Eu vou além. Se nossas mulheres passaram 500 anos recebendo menos que os homens, nada mais justo que passem, no mínimo, outro meio milênio recebendo mais. Essa é apenas uma pequena reparação histórica que o Estado deve às construtoras da nação.

Isso não vai apagar do passado as inúmeras Marias da Penha que foram covardemente agredidas por seus companheiros; não corrigirá o descaso dos nossos governos para com as mães, que não têm sequer creches para deixar seus filhos e filhas enquanto trabalham; não diminuirá o efeito pernicioso causado pelas conhecidas piadinhas preconceituosas. Porém, o simples fato de o Estado reconhecer sua dívida com as mulheres é fundamental para realizarmos o avanço que queremos.

Para finalizar, conclamo as mulheres brasileiras a participarem da vida política nacional. Que não participem somente votando, o que é importante, mas sendo votadas, eleitas e ocupando de forma massiva todas as instâncias de poder da República brasileira. Por isso e por outros motivos, é hora de eleger a primeira mulher presidente, e provar ao mundo que o Brasil avança a passos largos rumo à democracia plena. Eleger Dilma é afirmar que é hora de consolidarmos a emancipação feminina.

Encerro com versos que um poema que escrevi a pouco mais de um ano atrás, chamado “Às Flores Rebeldes”. “Revolta-te ó gênero forte,/Mostra tua cara a este país./Evita, com mãos próprias, tua morte./Tu queres e podes ser feliz!” É Dilma 13, para o Brasil seguir mudando!

3 comentários:

  1. Olha só, garoto de "olhos de ressaca", você agora tocou em um assunto que me move: classe FEMININA. Sou uma grande admiradora das mulheres, mas aquelas que tem grande motivação por mudanças em prol de sua classe. Eu ainda nao decidi meu voto no próx. dia 31, mas Dilma sobe alguns porcentos na minha decisão, justamente por ser mulher. Acho que o país merece isso e já está passando da hora de aumentar esse número ínfero dos 6%. O problema da companheira DILMA é q ela está cercada de HOMENS que praticamente vão comandar o país, usando a imagem da petista na presidencia. A verdade é que nem Serra nem Dilma, o Brasil pode andar mto bem com as próprias pernas, levando em cosideração as obras e benefícios de iniciativa privada que se seguem, apesar dos pesares enfrentados pelo país... Muito clichê? Sim, pq os problemas são assim, os candidatos são assim. Mas as mulheres NÃO. Ainda acredito nelas, e que Dilma possa mostrar essa força feminina e mudar definitivamente o quadro machista que cerca o mundo. Pq somos assim "...o grito que reclama a paz/...a chama da transformação" (Geraldo Azevedo)

    Sou obrigada +1 vez elogiá-lo pelo texto e, principalmente, pelo tema (como se fosse difícil.. rsrs). Um beijo.

    ResponderExcluir
  2. 1) Antes de iniciar a minha argumentação, gostaria de chamar atenção para um conceito. Existe uma diferença entre CLASSE e SEGMENTO SOCIAL. Só existem duas classes antagônicas no atual estágio de desenvolvimento do capitalismo ocidental, a burguesia e o proletariado (para usar os termos marxistas). Portanto, não existe a classe feminina, e sim, o segmento social feminino. Só pra esclarecer.
    2) Nenhuma pessoa governa sozinha. Dilma terá sim uma equipe de assessores e assessoras como qualquer outro presidente teve e os próximos terão. Mas achar que ela será fantoche do caciques petistas é ingenuidade. Dilma tem pulso muito mais firme que Lula, e conduzirá o país de forma mais rígida que ele. Além disso, só a figura feminina na presidência já valeria o voto.
    3)Acreditar, na conjuntura atual, que a iniciativa privada é capaz de atender às necessidades da sociedade é ingenuidade. O ideal do Laissez-faire defendido por Adam Smith já é refutado até pelos mais conservadores capitalistas. Sobretudo depois da última grande crise internacional. Ninguém mais acredita que o mercado pode regular plenamente a economia, nem que o poder público é desnecessário. O posicionamento mais conservador, atualmente, é o keynesianismo e o Estado de bem-estar social, que prega uma intervenção moderada por parte dos governos.
    4) Obrigado pela leitura, pelo comentário, pelo debate e pelos elogios. Espero que continuemos discutindo.

    ResponderExcluir
  3. Depois dessa, vou me recolher à minha insignificância... rsrs. Desculpe pelo termo "classe". São os vícios do senso comum. Bjus

    ResponderExcluir